terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Coisas que eu queria que alguém tivesse me dito

         Só me dei conta de que o mundo esperava alguma coisa de mim quando as perguntas sobre o que eu queria ser quando crescesse foram ditas com frequência em tom sério. Ué, eu nem sabia que tinha crescido pra já ter que saber essa resposta! Passei o terceiro ano do ensino médio inteiro me perguntando o que eu queria fazer da vida, bem, eu quero muitas coisas, quero viajar, quero ser feliz, quero poder trabalhar rindo e as vezes fazendo os outros rirem, quero saber que estou ajudando alguém, quero que as pessoas me levem a sério sem me achar uma chata, quero fazer alguma diferença no mundo, quero não ter que esperar o final de semana pra ser feliz... Mas ninguém me disse qual rumo de vida seguir pra ter o que eu queria. N-I-N-G-U-É-M. E ainda assim, todos insistiam em perguntar o que eu ia escolher como opção pro vestibular. 

         Tentei um curso aleatório assim que me formei e não passei, e aí minha mãe veio com aquela de ''tome um tempo pra pensar e escolher melhor, faça um ano de cursinho!''. Quem algum dia disse que o cursinho é lugar pra pensar o que você quer fazer foi um tremendo filho da puta que não sabe de nada. Cursinho é lugar de você ter objetivos pré estabelecidos pra você pegar firme e saber que vai chegar aonde você quer. Eu, por exemplo, não cheguei a lugar algum. Posso ter amadurecido um pouco e posso ter vivido experiências legais, mas o ideal mesmo seria se algum dia tivessem dito ''tira um ano pra você, pense em lugares que quer conhecer, coisas que quer fazer'' mas não foi o que me ofereceram, e então, ao final de um ano extremamente desgastante no pré vestibular eu entrei em um curso que nem era o que eu achava que eu queria mas acabei descobrindo que foi a opção oitenta vezes melhor do que eu pensei que outros cursos poderiam ser (confuso?).
          Foi aí que eu descobri que por mais que a gente escute que a vida é imprevisível eu não acreditava nisso até analisar a minha situação atual. Estou cursando um curso que nunca imaginei que cursaria e pretendo levar ele até o final apesar de já saber que não é o que mais quero pra minha vida. E por estar cursando esse curso estou abrindo portas que podem me levar a lugares que eu sonho mas não penso em chegar agora, mas o mais engraçado é que eu só comecei a perceber as coisas boas que podem acontecer quando eu parei de pensar em tudo que pode dar errado. E se eu escolher o curso errado? E se eu não gostar do que eu vou fazer? E se não tiver mercado de trabalho? E se eu morrer de fome? E se eu formar e tiver que trabalhar com outra coisa que não tem a ver com o que eu quero? E se eu começar a ganhar muito dinheiro fazendo algo que não gosto e acabar desistindo dos meus sonhos? 
       De nada vai adiantar se preocupar muito com essas questões. Se você entrar em um curso e descobrir que é o errado, sai e vai encarar o vestibular de novo! Mercado de trabalho, quem faz é você. Mil vezes trabalhar o dia todo com algo que goste do que trabalhar pouco pra ganhar muito com algo que te deixe infeliz. E se alguma coisa te fizer desistir dos seus sonhos, é porque não eram sonhos, eram vontades. Sei que a fase parece difícil, que a pressão é enorme e que você acha que isso é uma coisa que vai te sufocar, mas passa. Se você não sabe que curso quer, tente pensar no que você quer da sua vida, se isso não te ajudar, pense em coisas a curto prazo. E se a vida te cobrar muito? seja criativo pra dar o que o mundo quer sem fazer o que você não quer! Agora, se você tem a sorte de já ter seu plano de vida mais ou menos formado, vá atrás, batalhe, abra mão de coisas levianas, dedique seu tempo, peça ajuda, faça tudo com gosto, gana e garra que eu  garanto que a recompensa vai ser deliciosa. Só não se cobre demais.

2 comentários:

  1. Concordo com o que você disse, Lids, mas a parte de "não se cobrar demais" é um tanto quanto complicada de se administrar rs. E realmente, cursinho é uma das fases mais atormentadoras que uma pessoa indecisa pode enfrentar, seguir o ritmo sem uma meta pré-estabelecida de aproveitamento e da necessidade para determinado curso é uma tarefa complicada. Isso sem contar na ansiedade, na angústia e nas noites mal dormidas que todo estudante (decidido ou não) acaba tendo que enfrentar ao longo do período não só do vestibular como após o ingresso na Universidade. Tudo isso somado a incerteza se o que está por vir é o melhor ou não também não contribui em nada para buscar um alívio ou uma forma sadia de escape. No final das contas é isso mesmo que você disse, é ir fundo, e caso não dê certo, tentar algo novo. Até porque é da nossa vida que estamos falando, e ela precisa ter um sentido, um aproveitamento satisfatório (para nós mesmos, não em função de convenções sociais) para que tudo tenha valido a pena :)

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    1. É isso mesmo, Nina! Por mais que as coisas não sejam controláveis sempre a gente tem que tentar, né. Mas vai dar tudo certo! :)

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