Um evento ímpar, sem dúvida alguma. Presenciei e, mesmo após o segundo turno, continuo presenciando as consequências que um simples número pode trazer para a vida de uma nação. Mas o que me deixa atônito sempre é a politicagem e o jogo de falsa moral entre os eleitores.
Tirei meu título de eleitor aos 16 anos e, como de costume, a ansiedade para uma eleição presidencial tomou conta de mim. Queria saber como é que é ter a obrigação de sair no domingo para decidir o futuro do país. Mas a excitação já diminuía em algumas semanas antecedentes a data do primeiro turno. Por quê?
Tudo começou com os debates pela tv. Confesso que, como jovem, vibrava sempre com aquele ringue. Me sentia um imperador, assistindo uma batalha numa espécie de Coliseu que minha sala se transformava. E depois, aquela chuva de pessoas "moralmente corretas" comentando de maneira ofensiva o candidato de sua oposição. A partir daí, percebi que para a maioria das pessoas, a política brasileira não passa de um simples campeonato: você escolhe um time e o fanatismo faz o resto.
Com o domingo decisivo se aproximando, as ofensas ganhavam níveis superiores. Um dos fundamentos da democracia é justamente a liberdade que um cidadão tem de decidir em quem votar. Mas eu não via isso. Se alguém se ousasse a expor sua opinião, era alvo de insultos e chacotas. O fanatismo político fez com que muitos eleitores se enrolassem em discussões com argumentos esdrúxulos, enquanto o que deveriam fazer era discutir sobre a mudança do país.
Com o segundo turno, a situação piorou. Uma nuvem carregada pairava sobre os eleitores que usavam das redes sociais para expor suas opiniões. As ofensas aumentavam de grau e a população se enfurecia: direita vs esquerda. Assassinaram o bom senso, esqueceram como iniciar um debate saudável em que o mais importante era expor sua opinião e aceitar que o outro pensa de maneira diferente.
O segundo turno passou e a vitória da presidenta veio seguida de polêmicas, antes mesmo de sua posse. Foram tantas conspirações que Dan Brown teria um belo acervo para um futuro romance.
A oposição tentou de diversas formas o impeachment antes da posse, o que eu levo como dor de cotovelos. E isso não é porque eu votei no lado que venceu, não. É porque só um cego não vê que o jogo chamado “política brasileira” é apenas uma disputa de poder. E é mais que óbvio que o outro candidato, revoltado por ter perdido por tão pouco, após toda “a esperança que tinha no povo brasileiro” ser dissipada nos minutos da apuração, não poderia sair dessa de cabeça baixa.
Pois ele tentou, tentou, tentou e não conseguiu. Mas, por sorte da oposição, o governo Dilma começou o mandato da pior maneira possível. Escândalos de corrupção, aumento de impostos, aumento do preço do combustível e vários outros aumentos vieram a desagradar a nação brasileira. E não é pra menos, eu também acho um absurdo. Mas, mais absurdo, é como pessoas, tão fanáticas politicamente, usam dessa situação para trazer à tona aquele clima selvagem que teve as eleições. Até xenofobia, comportamento que pra mim é inaceitável no século XXI, foi usada por eleitores “moralmente elevados e inteligentes” da oposição.
As mídias sensacionalistas, que não se cansam de distorcer fatos por mero interesse, manipulando a cabeça de vários cidadãos brasileiros, moldando-os como bem entendem, fazendo-os brigar novamente, usando termos pejorativos e estúpidos para defender um interesse que nem é seu. Resultado: acabam transformando um candidato, tão corrupto e errado quanto o que está atualmente no poder, em um santo milagroso.
O que eu vejo hoje são pessoas que pensam que, ao tirar o atual governo do poder, as coisas vão mudar do dia pra noite. O preço da gasolina vai amanhecer menor, o preço do ônibus vai cair e o nível do Cantareira vai subir. Caros eleitores: milagre só Jesus. Não pensem que se outro candidato tomar o poder, as coisas vão voltar ao eixo em um passe de mágica.
Leva tempo. Acredito que, em vez de chamar os eleitores de burros só porque eles não votaram no mesmo candidato que você, você deveria estar fazendo a sua parte para mudar o país. Repassar correntes em grupos no WhatsApp também não é o caminho certo.
Impeachment? Sério? Creio que a grande maioria que repassa esse tipo de mensagem, sequer saber o que exatamente é e/ou como ele acontece. Aliás, só um lembrete: se a atual presidente sair, entra o vice e não o candidato que você votou.
O preço da gasolina aumentou? Deixo-lhes aqui um link para maior entendimento sobre o assunto.
O governo está ciente do poder do povo, depois das manifestações de 2013. Mas também está ciente da ignorância e da cabeça fraca de muitos eleitores. Então, caro eleitor, pesquise antes de fazer papel de marionete. Isso não é uma ofensa, é um toque.
Antes de exaltar os hospitais americanos e europeus, dá uma olhada na tabela de preços dos planos de saúde ou procure saber o que acontece com alguém que não tenha um plano de saúde, por exemplo.
Aliás ainda sobre isso, posso deixar aqui mais uma referência para saber o que você não pode cobrar de um presidente do Brasil, seja ele qual for.
Por hora, não estou contente com o governo que elegi. Mas ainda tenho mais alguns anos para mudar minha opinião.
Opinião própria, é disso que a maioria dos eleitores brasileiros carecem. Vivemos em uma espécie de voto de cabresto moderno, em que os interesses dos mais fortes atinge a população abaixo de uma forma utópica e persuasiva, levando esses eleitores à urna entorpecidos de ideias fantasiosas.
Temos o direito e DEVER de estar insatisfeitos com as coisas no país, mas ninguém tem o direito de usar nossa insatisfação para um interesse próprio.
E por último faço-lhes um só pedido: vamos ter o mínimo de respeito e educação com o próximo, seja ele quem for.
E por último faço-lhes um só pedido: vamos ter o mínimo de respeito e educação com o próximo, seja ele quem for.



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